Eu deveria ter começado a contar desde a longínqua primeira vez, agora tô meio perdido. Mas acredito que essa deve ter sido a 12ª ou 13ª oportunidade em que eu assisti "A felicidade não se compra". Eu sei, é caso de internação (a última vez nem estava tão longe assim), mas eu precisava terrivelmente disso. Não ando nos meus melhores dias e o Botafogo ainda faz o favor de levar um sacode na estréia da série B. Assim vou começar a sofrer por antecipação com a ameaça da Terceirona. Falando sobre o filme, acho que ainda está pra nascer um cineasta com a mesma capacidade que o Frank Capra tinha de manipular as emoções do público. Ele gasta uma hora e meia só preparando o terreno: acompanha os personagens da infância à vida adulta, trata com ternura de seus sonhos e dificuldades, coloca uma gag ocasional para descontrair... e quando a identificação com o espectador está mais do que completa, acontece a grande virada. O abilolado tio Billy deixa os 8 mil dólares caírem nas mãos do tirânico Mr. Potter e o filme adquire ares de pesadelo. George Bailey agride verbalmente mulher e filhos, reza por ajuda e recebe um murro na cara, pensa em suicídio, testemunha como a vida seria se nunca tivesse nascido; a fotografia torna-se mais escura à medida que seu inferno pessoal aumenta (o close no rosto do James Stewart após ser rejeitado pela própria mãe é impressionante). É tudo muito dark, não é de se estranhar o fracasso nas bilheterias quando de seu lançamento. E claro, quando eu já estou me contorcendo de tanta angústia, sempre surge aquele final redentor. Não vejo a hora de assistir tudo novamente.
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